sábado, 23 de junho de 2007

CARTA AO AMIGO




Eu só queria mandar uma carta, não muito longa. Na verdade ela deveria ser longa, já que o assunto que quero abordar é de grande importância para nosso bom entendimento.
Verifiquei que em meu passado, não meu, mas de meus antepassados ocorreu um sério e incompreensível rompimento familiar, não que seja uma coisa absurda e incomum, já que todos um dia tiveram uma parcela familiar perdida na historia. Mas citei minha família só para ilustrar a tamanha falta de criatividade do futuro e a total abstinência de ações do passado. Fico me perguntando sempre, como pode tantos contos e tantos amores e tantas fagulhas se repetirem, quantos raios caem no mesmo lugar sempre e quantos erros são repetidos tão numerosamente até nos cansarmos? Perguntas como essas me afligem incessantemente; seria como uma serpentina de desesperos, a angustia que domina todos os sonhos mal dormidos. Mas acho que somente isto não basta, não basta apenas nos conformarmos com nosso passado hostil de separações e obnuências mil. É preciso reagir, é necessário e correto, ‘sim!’, transferirmos a culpa pra nós, viventes, atuais e humanos. Amigo, reaja ao que não te assusta e ao que você reconhece ao longe. Não é ilusão o que digo, é verdade implícita, é arco íris, não há surpresa maior que a intenção, que a força que te impulsiona pra frente e forçosamente para trás também. Vem comigo, tema o novo, aquilo em que se sustenta pode ser a sua salvação, a sua glória incondicional, sua ilusão também pode ser sua tortura. Ria dos novos e dos vanguardistas, a moda é o retrô, é aquilo que se via em preto e branco, é ser amigo do seu vizinho, você sabe o nome do teu vizinho amigo? Ou decorou dificilmente o nome do seu porteiro? Pasme ainda não sei os nomes dos meus! Amigo, faça do teu gosto o teu gosto e só, porque no futuro, aquele mesmo, que é igual ao passado, tudo será diferentemente igual, faça da tua força a tua força porque a massa sempre será a mesma e tua força individual ainda reinara, pelo menos interiormente. Não divulgue suas idéias ao léu, não assim tão vastamente como fazes, sua estrutura depende da virgindade delas. Seus segredos mais profundos precisam ocupar o lugar vago no teu sepulcro intimo e assim representarás teu espaço no infinito, como eu te vejo sempre, puro e único.

Sangama.

segunda-feira, 4 de junho de 2007


Estive pensando novamente esses dias sobre trabalho, realização, vontades, vocações, confusões, encontros, desencontros, achados, perdidos e semi encontrados na multidão. Alguns erros de caligrafia, erros no caminho, esquerdas duvidosas e direitas rápidas demais. Daí então pensei em algo realmente significante, algo real, como uma árvora, daquelas de grossos galhos e profundas raízes duras, que nao levam a lugar nenhum, só ao mesmo lugar, uma retroalimentação eterna da própria morte; e também pensei no vento, de suas voltas e suas revoluções, pensei em quem os correga e que os impede, quem os faz frio ou quente . Lembrei das pessoas e das verdades veladas que elas contam, das mentiram que elas acreditam e nas verdades em que elas se seguram. Nas falsidades e mentiras, nas desigualdades e nas verdades históricas de que tão mentiradas se tornaram secas verdades, promíscuas. Mas então decidi lembrar da linha da vida, voltar pro fluxo que temos, aquele nos leva ao fim sem sentirmos, com vento seco e quente e vai levando na lábia, doce e de lado.
Li uma poesia de Mario Quintana super simples mas que diz muita coisa e queria dividir.

Das Utopias


Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A presença distante das estrelas


Mario Quintana



Boa semana